Evandro Correia partiu. Ele foi o menino da música, do violão e da palavra. Mas também foi o Menino da Vida que a música nos deu, a todos nós, conquistenses e baianos: aquele que nasceu e se formou no seio de uma cidade em ebulição, no coração das lutas sociais e dos movimentos estudantis que tanto influenciaram sua formação humana e artística.
Era filho de uma cultura que florescia nos encontros, nas livrarias, nas calçadas, na Livraria Mutirão e no Bar Mocofaia, pontos de encontro de poetas, cantadores e pensadores da nossa cidade.
Tive o privilégio de acompanhar de perto sua caminhada desde o início. Rosa Flor, sua primeira canção que se popularizou, nasceu no calor de um Festival Estudantil. Lembro como se fosse hoje: eu, Jean Cláudio, Fit mimeografamos a letra da música e entregamos ao público, para que todos pudéssemos cantar junto no ginásio de esportes. Evandro foi ovacionado e ali era inaugurada uma trajetória que, mesmo sem os holofotes da grande mídia, conquistou o mais importante: o coração do povo.
Evandro fez da amizade uma extensão da arte. Ao lado do maestro Keké, Luciano PP, Lucinho Ferraz, Paulinho, Pedrinho, Lena Glass e tantos outros amigos músicos, ajudou a construir uma sonoridade com o rosto da nossa terra. Ele nos deixou, de presente, uma obra que fala de amor, solidariedade e encantamento.
Perdemos um grande artista. Eu perdi um amigo querido. Sua música, no entanto, permanece viva, inspirando novas gerações. A sua herança, materializada na voz potente, nas canções românticas e no jeito amigo de ser, é de todos nós. Porque a arte não morre, ela se transforma e passa a viver dentro da gente.
Aos filhos Marcéu e Marlua e todos os amigos, minha solidariedade e um abraço fraterno. E a você, Evandro, um grande abraço. Estaremos juntos para sempre.
Zé Raimundo
Deputado Estadual